Seja Bem-Vindo

Seja Bem-Vindo

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Poções




Borbulhar das poções. Salamandras,
atiçar das cinzas.
Opaco é o vidro da tua redoma,
engole-me o abismo do teu olhar.

Deixa teu cheiro no caminho,
do timbre da tua voz, uma semente
ao vento, eco dos teus passos
lentos, resquício de pegadas tuas

na caminhada da manhã...
Ou um fio de cabelo,
linha da tua camisa,

digital em alguma pedra,
qualquer indício
pra completar este feitiço!

Maio, 19 de 2011


Imagem: Aquarela de Marlene Edir)

Publicado no Céu de Abril em 19/05/2011
www.wwwceudeabril.blogspot.com

[Reeditado, em homenagem a todas as Bruxas!]

sábado, 22 de outubro de 2011

Resquício de Sal




Entre o céu e o mar, o risco do horizonte a separar.
Marulho, maresia,
tudo vagueia, cintilam sob o sol
ínfimos cacos de espelhos na areia,

chega a doer a vista
a imensidão de céu, mar,
areia a perder de vista
e de vez em quando o vento traz

o cheiro da ostra na onda a arrebentar na praia,
a respingar nas pedras, fica no ar
e se junta a uma saudade, de cheiro intenso,

nem sei se conheço, que ecoa no peito,
e sem testemunha, deixa resquício de sal
no rosto molhado de mar.


(Imagem: Praia Brava, fotografia de Marlene)
Outubro, 22 de 2011

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Ouro Bruto





Do tom do mel,
a iris dos meus olhos transformou-se
em cor de argila,
ocre do mar em dias de sol
no final de tarde,
ao contato da tua pele,
pelo teu tato,
em ouro bruto,

queima,
arde,

nem aurora ou ocaso,
agora, em pleno meio dia,
[sobre a mesa o almoço esfria]

tua voz lanceolada a quebrar meu cotidiano,
metálica
ecoa com brunido,
metal polido

língua,
céu da boca,
roçar de corpos, cetim,

sem pudor, nem tento conter tua mão:
de pura seda fica nossa pele,
seda-me,
nenhum senão,
transgressores desatinados,
barcos no mar em tormenta
levitamos

em câmera lenta.


(Imagem:óleo sobre tela de Marlene Edir Severino)
Outubro, 06 de 2011